Uma introdução a mapas mentais para você poder começar a avaliar como eles podem simplificar, facilitar e melhorar sua vida em várias áreas e aspectos.
Primeiras coisas primeiro
Vamos ver quatro formas de representar um mesmo conjunto de informações, no caso as coisas a serem providenciadas para um churrasco.
CHURRASCO EM FORMATO DISCURSO (PROSA):
“Para o churrasco vamos precisar de som e CDs, violão e o caderno de músicas, de um baralho, frescobol e bola, mais as coisas para servir: pratos, talheres, copos, guardanapos, palitos. Não esquecer também de levar mesas e cadeiras, se não tiver lá.”
CHURRASCO COMO UMA LISTA DE ITENS:
Para o churrasco:
- Pratos
- Talheres
- Copos
- Guardanapos
- Palitos
- Mesas
- Cadeiras
- Som
- CDs
- Violão
- Caderno de músicas
- Baralho
- Frescobol
- Bola
CHURRASCO EM MAPA MENTAL, NÃO ILUSTRADO:
CHURRASCO EM MAPA MENTAL ILUSTRADO (parcialmente):
Caracterização
Mapas mentais são essencialmente diagramas hierárquicos (em árvore) que representam informações e conhecimentos de forma:
- textual, ilustrada ou ambas
- sintética
- organizada e nivelada
Como “ler” um mapa mental
Algumas pessoas “estranham” um mapa mental ao vê-lo pela primeira vez, o que se deve à forma de olhar para ele e (tentar) entendê-lo. Assim como não olhamos um texto como um todo e sim vamos lendo uma palavra ou trecho de cada vez, a melhor forma de compreender um mapa mental novo para nós é ler um tópico de cada vez, começando pela raiz.
O ritmo em que isso é feito depende do nosso conhecimento do conteúdo e consequentemente do tempo de resposta da compreensão: assuntos familiares são reconhecidos mais rapidamente, enquanto temas novos ou menos conhecidos requerem mais dedicação a cada componente.
Quando olhar pela primeira vez para um mapa mental, verifique também se há alguma sequência nos tópicos. Se o mapa estiver virado para um lado, será de cima para baixo. Se for radial, tipicamente o primeiro tópico estará acima do lado direito, seguindo no sentido horário.
No mapa mental abaixo, note o seguinte:
- Um mapa mental é formado de tópicos ligados por linhas.
- Cada tópico pode conter texto, uma ilustração ou ambos.
- Há um tópico central, também chamado título ou raiz, que possui subtópicos conectados ao tópico raiz pelas linhas. Cada subtópico por sua vez pode ter seus próprios subtópicos, resultando em uma organização hierárquica ou em árvore.
- A hierarquia de tópicos define níveis com graus crescentes de detalhamento e especificidade: o tópico central é o mais genérico, e as folhas são mais específicas. A formatação geralmente apoia essa organização: as linhas vão ficando mais finas e as fontes menores. A figura a seguir mostra uma visualização dos níveis.
Note também:
- A minimização de preposições, artigos e outros símbolos linguísticos com finalidade apenas sintática e não essenciais para a compreensão.
- A categorização ou agrupamento das ideias em blocos (“Para servir”, “Diversões”), que definem uma organização e níveis de ideias, permitindo a contextualização do pensamento e preservando as relações com o restante.
Agora faça um teste. Pense em churrasco, depois em planejar um churrasco: o que você prefere manter em mente? Das quatro maneiras, qual é a mais confortável, talvez mais fluida, para você pensar sobre o planejamento do churrasco?
Como surgiram os mapas mentais
Mapas mentais foram criados pelo inglês Tony Buzan, sendo uma das principais publicações sobre o tema o livro The Mind Map Book – How to Use Radiant Thinking to Maximize Your Brain’s Untapped Potential, em edição primorosa. O livro não tem tradução para português.
Formas de elaborar
Mapas mentais podem ser elaborados de duas formas: à mão ou em software. Feitos à mão, pode ser desde um esboço rápido de algumas anotações até colorido e caprichado, como nos exemplos abaixo.
(https://app.trakto.io/doc/cristianedupret/mapasmentais)
Há vários softwares de mapas mentais no mercado, cada um com seu estilo. O mapa mental a seguir foi feito no Coggle.
(https://coggle.it)
Os mapas mentais do churrasco foram feitos no EasyMapper.
Alguns aplicativos tentam aproximar-se do estilo clássico de mapas mentais feitos à mão, como o da figura a seguir.
Geralmente é possível reconhecer em qual programa foi feito um mapa mental apenas pelo estilo.
As diferenças entre elaborar em papel e em software são análogas a redigir em papel ou usando um processador de textos: a facilidade e a flexibilidade de alteração em geral são maiores, além da maior facilidade de reprodução. “Em geral” porque os critérios podem variar conforme o tipo de mapa mental: há alguns com características de arte (figura a seguir, do livro The Mind Map Book) e que não podem ser facilmente feitos em software.
Mas há argumentos e objeções para qualquer das formas de elaboração. Sobre isso, veja a seção Quando não usar mapas mentais.
Mais exemplos
Para você enriquecer mais o seu “modelo mental” sobre como são mapas mentais e para que servem, vamos mostrar alguns exemplos em contextos variados. Por limitações de espaço, o conteúdo de cada mapa mental em alguns casos é parcial. Os exemplos procuram ter conteúdo familiar, para que você possa focar mais a estrutura e não precise dedicar muita atenção consciente ao entendimento.
Perguntas básicas
Perguntar é uma forma de provocar a mente para buscar respostas. Colocando as seis perguntas básicas juntas podemos ter uma melhor compreensão e perspectivas a respeito de uma situação.
Quando temos algo a fazer, podemos partir desse mapa mental inserindo respostas em cada ramo, cada resposta como um subtópico.
Estratégias de aprendizagem
O mapa mental a seguir é parte de uma matéria do mesmo nome do site Possibilidades. Alguns tópicos de detalhamento não estão sendo exibidos. Esse mapa mental já é “velhinho” e foi feito ainda no MindMapper.
Conteúdos programáticos variados
Todo produto ou obra envolvendo informação, como vídeo, artigo, livro, preleção e palestra, curso ou disciplina, tese, dissertação e monografia, tem um conteúdo. Esse conteúdo geralmente tem uma ideia central e detalhamentos dessa ideia, na forma de linguagem ou discurso. Se perguntarmos sobre o que o conteúdo “fala”, a resposta será na forma de tópicos relacionados à ideia central.
Por exemplo, esta obra tem como ideia central decidir sobre mapas mentais, e para isso fala o que e como são mapas mentais, fornece exemplos, conta casos, conduz às primeiras experiências e outros. Os demais elementos detalham esses tópicos.
Essa ideia central, seus subtópicos e os subtópicos destes formam uma estrutura, mais especificamente uma hierarquia. Como mapas mentais são hierárquicos, essa estrutura pode ser trabalhada em um mapa mental, em dois sentidos: mapeando a estrutura de uma obra existente ou definindo a estrutura de uma nova obra, para posterior detalhamento.
Essa estrutura é chamada de conteúdo programático. É mais usado no ensino, em cursos e disciplinas, mas de fato qualquer obra que tenha um conteúdo pode ter sua estrutura explicitada como um conteúdo programático.
Um dos seus formatos é como abaixo. Já vimos alguns apenas como listas sem organização e outros sem quebras de linhas.
Conteúdo programático – Matemática (parcial)
1. Conjuntos
1.1. Representação e relação: pertinência, inclusão e igualdade.
1.2. Conjuntos: Operações de união, interseção, diferença, complementar e produto cartesiano.
1.3. Conjuntos numéricos e Operações: Naturais, Inteiros, Racionais, Irracionais e Reais.
2. Funções
2.1. Definição de função, domínio, imagem, gráficos, crescimento e decrescimento.
2.2. Funções: polinomiais, modulares, racionais, exponenciais e logarítmicas.
2.3. Progressões: Progressões Aritméticas e Progressões Geométricas.
Veja a seguir uma representação desse mesmo conteúdo programático em mapa mental:
Além de facilitar a visualização da estrutura de tópicos, esse formato, trabalhado em software, resulta em ótima produtividade, em particular na elaboração, quando geralmente a estrutura passa por muitas mudanças até sua estabilização.
O meu e-book Mapas Mentais para Professores mostra com detalhes vários usos de mapas mentais de conteúdos programáticos.
Português
Português tem muitas regras, e poder consultá-las rapidamente aumenta a produtividade do aprendizado. Se estiverem sintetizadas e com exemplos representativos, melhor ainda. O mapa mental abaixo é só uma possibilidade.
Compare estudar essas regras em um livro ou em um mapa mental.
Geografia
O mapa mental abaixo descreve dois dos seis domínios morfoclimáticos brasileiros.
Este é um caso em que uma estrutura de tabela foi representada em um mapa mental: cada ramo corresponde a uma linha da tabela, e as colunas são repetidas em cada ramo.
Piadinhas horríveis
Quem nunca esqueceu uma boa piada? Podemos usar um mapa mental para nos lembrar das nossas melhores. Mesmo se o mapa não estiver memorizado, podemos andar com ele na carteira e furtivamente “colar”. Veja a seguir um exemplo de piadinhas “horríveis”.
Neste caso, não foram colocados todos os detalhes; na verdade muitas vezes precisamos somente de “links” ou pistas para lembrarmos de algo. E, lembrando o que é essencial, podemos definir na hora como vamos contar a piada.
Conforme o caso, bastará registrar apenas uma imagem em certos tópicos. O critério, quando é só você o usuário do mapa mental, é inserir o suficiente para se lembrar.
Receita
Receitas de culinária geralmente são apresentadas em um formato semiestruturado, que muitas vezes prioriza a redução do espaço ocupado e não a legibilidade e o entendimento. Veja como ficou uma receita de omelete em um mapa mental.
Nesse formato, uma receita de culinária representada em um mapa mental fica bem mais fácil de seguir, em particular para quem não tem muita experiência. Primeiro, você verifica quais recursos serão necessários. Depois, os ingredientes. Tendo tudo que é necessário, é só seguir as instruções de preparo.
O triângulo verde indica que o tópico está contraído, isto é, tem subtópicos de detalhamento não mostrados.
Brincadeiras de viagem
Em uma página, podemos registrar várias brincadeiras, facilitando consultá-lo por exemplo no veículo em que estivermos.
